Corredor Turístico da Ilha Grande

A Ilha Grande representa uma atração à parte na Costa Verde. A diversidade biológica encontrada em seu litoral e em suas matas é única em todo Brasil. São 192 quilômetros quadrados de beleza, incluindo 106 praias, cachoeiras e montanhas, com embarcações que saem de Angra dos Reis durante o dia todo.

Como toda sua região, a Ilha Grande era primitivamente habitada por índios tamoios e tupinambás, deles receberam o nome de Ipaum (Ilha) Guaçu (Grande). Também foram os nativos que abriram as trilhas utilizadas até hoje. A partir da Vila do Abraão, principal núcleo urbano da Ilha, os caminhos abertos da mata levam a praias e enseadas pouco exploradas.

Uma das praias considerada por prêmios e eleições como a mais bonitas é Lopes Mendes, no lado Sul da Ilha. Naquela face, de mar aberto, as águas são bravias, diferente do lado norte e do próprio continente, cujas praias são protegidas e por isso, mais tranquilas. No outro extremo, fica a praia do Provetá, alcançada de barco e habitada em sua maioria por uma comunidade evangélica. Entre as duas, fica a Reserva Biológica da Praia do Sul. Até o século XVIII a Ilha Grande não despertou maiores interesses, sendo frequentada apenas por piratas holandeses, franceses e ingleses, que se abasteciam de água potável, frutas e lenhas. Com o fim da pirataria, foram os comerciantes ilegais de escravos que passaram a buscar refúgio nas tranquilas enseadas da Ilha. Apenas em 1850 a marinha brasileira, sob pressão inglesa, passou a patrulhar suas águas.

A plantação de café, açúcar e a pesca da baleia passaram a ser as principais atividades, no final do século passado. No início do século XX, no entanto, essas atividades praticamente se extinguiram. A vegetação retomou o lugar antes ocupado pelas fazendas e os ilhéus passaram a ocupar-se exclusivamente da pesca. Nos anos 70 a Ilha Grande foi transformada em Parque Estadual e foi criada a Reserva Biológica da Praia do Sul. Como testemunhas do passado, ficaram a pequena Igreja de Santana, Mansão do Morcego, Farol dos Castelhanos, Ruínas do Lazareto e as Ruínas do Antigo Aqueduto, além de saborosas histórias de piratas.

Em 1982, a Ilha Grande passou a integrar a Área de Proteção Ambiental de Tamoios. Em 1987, foi tombada pela Secretaria de Estado de Cultura (Resolução nº 29, de 14/10/1987). Em 1988, a Ilha Grande passou a ser reconhecida como patrimônio nacional, pela Constituição Federal, por sua vegetação de Mata Atlântica e por sua localização na zona costeira. Em 1989 foi declarada como Área de Relevante Interesse Ecológico pela Constituição Estadual. Em 1991 recebeu status internacional de proteção ao ser reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A Ilha Grande também é reconhecida internacionalmente como uma IBA (Important Bird and Biodiversity Area), ou seja, uma área prioritária para conservação da biodiversidade de aves, pela BirdLife International.

Patrimônio Mundial da Humanidade

Em julho de 2019, a Ilha Grande (Angra dos Reis), juntamente com Paraty, foi reconhecida pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas, como Patrimônio Mundial da Humanidade. O título da Unesco cria um compromisso internacional de preservação do local.

O local é o primeiro bem brasileiro inscrito na categoria de sítio misto, cultural e natural. Abrange um território de quase 149 mil hectares, em que o Centro Histórico se cerca de quatro áreas de conservação ambiental. O excepcional valor universal é expresso em dois principais critérios. Um deles é ser um excelente exemplo de interação humana com o meio ambiente. Seus sítios arqueológicos têm datação de mais de 4 mil anos. Vestígios da ocupação humana ao longo do tempo são observados nos caminhos, como sambaquis, cavernas, estruturas subterrâneas ou submersas.

Ilha Grande e Paraty ilustram uma interação excepcional da presença humana com o ambiente natural por um longo período de tempo. Ali, testemunhos culturais incluem o centro histórico e a fortificação que deu origem à ocupação do núcleo urbano de Paraty, ainda bem preservados, uma variedade de sítios arqueológicos, uma porção do antigo Caminho do Ouro, e comunidades vivas que mantêm sua relação ancestral com a paisagem, todas formando um sistema cultural com uma relação próxima ao meio ambiente.

O lugar é o primeiro sítio misto da América Latina onde encontra-se uma cultura viva. A área de abrangência envolve partes do território de seis municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior porção do núcleo territorial está em Paraty e Angra dos Reis.

Com cerca de 85% da cobertura vegetal nativa bem conservada, a área do sítio misto forma o segundo maior remanescente florestal do bioma Mata Atlântica. Além da sua extensão, as diferentes fisionomias vegetais permitem a ocorrência de uma fauna e flora incomparáveis, com diversas espécies raras e endêmicas. São 36 espécies vegetais consideradas raras, sendo 29 endêmicas. A área abrange cerca de 45% das aves da Mata Atlântica e 34% dos sapos e pererecas do bioma. Há registros de mamíferos raros e predadores, como a onça-pintada e o muriqui, o maior primata das Américas.

As comunidades tradicionais mantêm os modos de vida de seus antepassados, preservando a maior parte de suas relações culturais como, ritos, festividades e religiões, cujos elementos tangíveis e intangíveis contribuem para a caracterização do sistema cultural e a relação de seu modo de vida com o ambiente natural.